Audiência Pública discute "Inserção das pessoas com deficiências no mercado de trabalho"
Nessa segunda-feira, (31/07), a Câmara Municipal de João Monlevade realizou uma Audiência Pública com o objetivo de discutir a "Inserção das pessoas com deficiências no mercado de trabalho". A reunião é de iniciativa dos vereadores Bruno Cabeção (Avante) e Revetrie Teixeira (MDB), em atendimento ao requerimento nº 04/2023.
De acordo com Bruno, que mediou a Audiência, o propósito da reunião é abordar o assunto e apresentar as dificuldades que as pessoas com deficiência possuem para se inserir no mercado de trabalho, bem como buscar soluções para resolver o problema.
A Audiência Pública também contou com a participação do vereador Belmar Diniz (PT), presidente da Acinpode, Elias Gonçalves, dos representantes da Secretaria de Educação Fernanda Lana, Secretaria de Saúde, Francisco Lima, representante do Sindicato dos Metalúrgicos, Otacílio, psicólogo Vitor Iglésias, presidente do Sindicato de Asseio, Conservação e Turismo, Ana Cristina Corrêa, representante da Construtora Elmo, Edimara de Jesus, assistente Social, Ariana Oliveira, representante da comunidade do bairro de Lourdes, Anderson, e os cidadãos representando as pessoas com deficiência visual, Amanda Maragon, Renilton Marques, Jussara Cruz e Marina Bicalho.
Na oportunidade, o vereador Revetrie falou da importância de lutar pelos direitos das pessoas com deficiência. Ele compartilhou a sua própria experiência como funcionário público concursado, que adquiriu uma deficiência devido à doença de Guillain-Barré, que afetou seus movimentos desde 2019. Embora esteja na condição de cadeirante, Revetrie lembrou que a cadeira de rodas pode ser temporária, mas que continuará sempre lutando contra o preconceito e pela inclusão.
Por sua vez, Belmar Diniz, contou que é engenheiro elétrico por formação e foi professor do SENAI, onde participou de um trabalho voltado para a capacitação de deficientes auditivos em cursos de aprendizagem industrial, com foco em manutenção elétrica e mecânica. Ele destacou a dificuldade que teve em se comunicar tecnicamente com os alunos surdos que não conheciam a linguagem de sinais – LIBRAS - nem possuíam conhecimento prévio sobre eletricidade ou mecânica.
Ainda em sua fala, Belmar lembrou que a Câmara dispõe de duas funcionárias que estudam libras e que hoje conseguem se comunicar e orientar pessoas com deficiência auditiva que visitam a Casa.
O psicólogo Vitor relatou sobre um projeto, ao qual ele participou, desenvolvido pela Universidade Federal de São João Del Rey, que tratava sobre o mercado de trabalho com avaliação dos gestores sobre funcionários com deficiência. Segundo ele, foi detectado que a avaliação das pessoas com deficiência física tende a ser melhor do que a de pessoas com deficiência auditiva, visual e mental, possivelmente devido à necessidade de menos adaptações.
A representante da Construtora Elmo, Edimara, falou das atividades da empresa e do trabalho realizado por quatro pessoas com deficiência que atuam na unidade. Segundo ela, a empresa preza pela segurança dos profissionais e não apenas na necessidade de cumprir as cotas. Ela sugeriu que sejam implementadas capacitações, tanto para as empresas quanto para os funcionários com deficiência, de forma que ambos estejam preparados para a inclusão. Por sua vez, o representante do Sindicato, Otacílio, relatou que uma das bandeiras da entidade é evitar a demissão de pessoas com deficiência nas empresas.
De acordo com a assistente social, Ariane, que trabalha como voluntária na Acinpode, a associação realiza a divulgação de vagas e enfrenta dificuldades em receber currículos de pessoas com deficiência. Ela mencionou que algumas empresas procuram candidatos com deficiência leve, mas muitas delas não possuem a sensibilidade necessária para compreender as diferentes necessidades de acessibilidade que essas pessoas podem ter.
A ampla divulgação do tema também foi defendida pela representante da secretaria de Educação, Fernanda. Segundo ela, algumas pessoas e até mesmo empresas desconhecem as cotas reservadas para os PCD´s, previstas em lei. Em sua fala, o representante da secretaria de saúde, Francisco, informou que no mês de outubro será realizado um fórum para tratar do tema: “pessoa com deficiência e saúde”.
A audiência ainda contou com a presença de algumas pessoas com deficiência que deram seus relatos. Entre elas, três deficientes visuais e uma deficiente físico motora. Amanda relatou que não há adaptações necessárias para pessoas com deficiência visual no ambiente de trabalho e destacou que são adaptações simples, como, por exemplo, um aplicativo para computador de leitor de tela disponível gratuitamente na internet. Ela ainda criticou a falta de interesse e conhecimento por parte de alguns empresários em contratar pessoas com deficiência, citando uma experiência pessoal em que foi desencorajada por um empresário a procurar emprego em outras empresas.
Renilton, que também é deficiente visual, lamentou a falta de cursos no município que capacitem o deficiente para o mercado. A fala de Renilton foi endossada pela Jussara, que também mencionou a dificuldade em encontrar cursos de capacitação. Ela ressaltou que, “apesar das limitações, as pessoas com deficiência têm habilidades e potencialidades que merecem ser reconhecidas”. Na oportunidade, Marina narrou situações em que, participando de processos seletivos, foram apresentadas somente vagas muito abaixo do que ela é capaz de realizar, e mesmo se candidatando e participando das entrevistas, as empresas não deram retorno sobre a finalização dos processos.
Por fim, o vereador Bruno informou que juntamente com os demais vereadores, irá buscar soluções para os problemas apresentados. Dentre elas, a necessidade de profissionais capacitados nas empresas para garantir o cumprimento da lei de cotas, a importância da inclusão de intérpretes de Libras em ambientes públicos e a capacitação tanto das empresas quanto das pessoas com deficiência para lidar com as questões de acessibilidade. Outros pontos mencionados incluem a sugestão de divulgação mais eficiente das vagas disponíveis, a realização de um mapeamento e diagnóstico dos números de pessoas com deficiência e das vagas disponíveis, além da capacitação dos servidores de saúde para identificação adequada das deficiências. O combate ao preconceito também foi enfatizado como um ponto crucial para a inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.