De uma forja Catalã ergue-se uma brava cidade: o nascimento de João Monlevade

por Interlegis — última modificação 05/12/2016 14h33

Foto da Sessão de Instalação da Câmara Municipal de João Monlevade em 1965. Da esquerda para a direita. Jonathas de Oliveira, Francisco Rosa Alves, Laudelino Antônio Fonseca, José Pedro Machado, João Amaro Gomes, Sebastião Batista Gomes, Ronaldo Frade, Acrísio Engrácio Pires, Amaro Zacarias Gorgozinho, José Ferreira Soares, Vicente Corrêa Domingues, José de Oliveira Couto e Carlos CaldeiraA Câmara Municipal de João Monlevade começou a funcionar em 1965, quando foram abertos os trabalhos de sua instalação, em solenidade realizada no Salão Nobre da Prefeitura. A solenidade teve início às 13h45min, do dia 5 de dezembro e foi presidida pelo Juiz da Comarca de Rio Piracicaba,  Murillo Furtado Gomes. 

No entanto, os fatos históricos que resultaram na emancipação de João Monlevade, em 1964 e na consequente instalação do Poder Legislativo Municipal começaram a ser escritos no século XIX, com a chegada ao Brasil do engenheiro francês Jean Antoine Felix Dissandes de Monlevade. Com 28 anos, Jean de Monlevade desembarcou no Rio de Janeiro no dia 14 de janeiro de 1817. Formado em Engenharia de Minas, o jovem francês seguiu para a província de Minas Gerais, onde adquiriu terras na comarca de São Miguel do Piracicaba. Ali, ele construiu sua Forja Catalã e sua moradia, o Solar Monlevade. Anos depois, o francês constituiu sua família, casando-se em 1927, com a sobrinha do Barão de Catas Altas, Clara Sophia de Souza Coutinho, com quem teve dois filhos, João Pascoal e Mariana. Jean de Monlevade veio a falecer em 14 de dezembro de 1872.

Próximo às terras do francês formou-se gradativamente um pequeno povoado, constituído principalmente de agricultores. Cortados por alguns córregos, as terras eram relativamente férteis, o que possibilitava aos habitantes do lugarejo tirar o seu sustento. Vestidos geralmente de branco, os habitantes do pequeno povoado atravessavam as colinas da região, o que lhes rendeu o apelido de “Carneirinhos”, nome que posteriormente seria dado àquela localidade.

Durante vários anos, Carneirinhos viveu à sombra do progresso que vinha das terras de Monlevade e na dependência econômica de Rio Piracicaba, sede do município desde 1911Em 27 de dezembro de 1948, com a promulgação da Lei Estadual número 336,criou-se o Distrito de João Monlevade, integrando numa só circunscrição administrativa as antigas terras de Jean de Monlevade e as propriedades dos Carneirinhos, desanexadas do município sede que era Rio Piracicaba.

Com a elevação do distrito de João Monlevade ocorreu a criação da Paróquia São José Operário e a nomeação do seu primeiro pároco, o Cônego José Higino de Freitas. Em seguida começaram a funcionar várias entidades e órgãos de grande valor histórico para o distrito: em 1949 foi instalado o Cartório de Registro Civil, em 1951 foi criado o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, em 1952 foi inaugurado o Hospital Margarida, em 1955 foi criado o Ginásio Monlevade. Com o crescimento cada vez mais latente do então distrito, em 1958 foi formada a Comissão Pró Emancipação.

Como o próprio nome sugere, a Comissão de Emancipação foi criada com o intuito de lutar pela emancipação de João Monlevade. Integraram a Comissão o presidente Germin Loureiro; os membros Randolfo Moreira de Souza, José Loureiro, Alberto Pereira Lima, Wander Wanderley de Lima e Carlos Caldeira; os colaboradores Vereador Benedito Marcelino, Padre João Batista Gomes Neto, Geraldo de Paula Santos, Antônio Loureiro Sobrinho, Gentil Bicalho, Oswaldo Silva, Olímpio Carvalho Lage, José Pedro Machado, Astolfo Linhares, Alonso Leite, Raimundo José Caldeira e Pedro José Caldeira. Após movimentarem os corredores da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a Comissão de Emancipação conseguiu que em 29 de abril de 1964, o distrito de João Monlevade fosse elevado à categoria de município.

Consumada a emancipação, foi nomeado intendente, Bolívar Cardoso da Silva, que instalou o Governo Municipal. Em seguida foram realizadas as primeiras eleições municipais, e  no dia 5 de dezembro de 1965 foi instalada a primeira Câmara Municipal, constituída dos seguintes vereadores: Sebastião Batista Gomes (Presidente), João Amaro Gomes (vice-presidente), Ronaldo Frade (Secretário), Acrísio Engrácio Pires, Amaro Zacarias Gorgozinho, Carlos Caldeira, Francisco Rosa Alves, Jonathas de Oliveira, José Ferreira Soares, José de Oliveira Couto, José Pedro Machado, Laudelino Antônio da Fonseca e Vicente Corrêa Domingues. Após a posse dos vereadores, em palanque armado na Praça Sete de Setembro, essa Câmara Municipal empossou o primeiro prefeito de João Monlevade, Wilson Alvarenga, e seu vice-prefeito, Josué Henrique Dias.